quarta-feira, 5 de junho de 2013

Compromisso e Oferta da Vida

Deus tem um plano de amor para cada um de nós, deseja que vivamos plenamente a vida divina (com Ele) para que sejamos felizes. Daí nos questionamos: pode o homem negar o chamado de Deus? Temos liberdade de seguir um caminho distinto? Não podemos responder afirmativa ou negativamente sem uma reflexão mais aprofundada. Avaliarei aqui algumas razões e motivações para darmos o sim pleno, sem seguranças em si mesmo e com confiança em Deus.


Enquanto caminhavam, um homem lhe disse: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que vás. Jesus replicou-lhe: As raposas têm covas e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça. A outro disse: Segue-me. Mas ele pediu: Senhor, permite-me ir primeiro enterrar meu pai. Mas Jesus disse-lhe: Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus. Um outro ainda lhe falou: Senhor, seguir-te-ei, mas permite primeiro que me despeça dos que estão em casa. Mas Jesus disse-lhe: Aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus” (Lc 9,57-62).

No evangelho de São Lucas encontramos esses três exemplos de vocacionados ao discipulado: dois que aparentemente se apresentam a Jesus e um outro que é chamado pelo Senhor. Para todos eles, o Senhor dá uma resposta dura e exigente. Essas respostas são paradigmas para nós, que também precisamos tomar uma decisão diante do convite do Senhor: “segue-me”.

Todo chamado está associado a uma renúncia; renúncia de si, de sua comodidade, suas vontades, dos prazeres do mundo, de direitos, casa, descanso, da família, para ser levado para aonde não deseja ir (cf. Jo 21,18). Essa renúncia não pode causar tristeza, pois ela dilata o coração para o Senhor, que a colocou como condição de seu seguimento: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Lc 8,34). Mesmos que, em algum momento, sintamos a aspereza do caminho do Mestre, precisamos esperar e confiar naquele que nos chamou, isto é, assumir a cruz e segui-lo.

Quando caminhamos sem a Cruz, quando edificamos sem a Cruz e quando confessamos um Cristo sem a Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos bispos, sacerdotes, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor”.
(Papa Francisco)

O Senhor alegra-se com a decisão de segui-lo. Ele espera nosso sim. Se nos chamou ao sacerdócio, é porque tem um povo aguardando-nos. Se nos chamou à vida religiosa, alguma comunidade espera nosso serviço. Se nos chamou ao matrimônio, espera de nós muitos filhos para propagar a mensagem do Evangelho. Enfim, o Senhor possui caminhos diversos, mas apenas para um fomos chamados e nele deveremos cumprir a renúncia da própria vida. Em outras palavras, Deus, a Igreja, a humanidade inteira espera um sim meu e teu que seja pleno e comprometido.

Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras
diante dessa geração adúltera e pecadora,
também o Filho do Homem se envergonhará dele,
quando vier na glória do seu Pai com seus santos anjos" (Mc 8,38).
No entanto, o Senhor não tole a nossa liberdade e permite que sigamos um caminho diferente. Isso não nos condiciona à infelicidade e perdição eterna, mas nos leva para um caminho mais difícil ou medíocre. O Senhor quer muito de mim e de você, mas esse muito só é possível se houver entrega, renúncia, fidelidade, amor e totalidade. Se queremos ser todos de Deus, sejamos como Maria que aceitou a vontade divina sem pesar as consequências e não como o jovem que procurou o Senhor, mas voltou triste quando o Senhor pediu os seus bens. Ele espero de nós o sim total para podermos, aí sim, dizer: “Senhor, seguir-te-ei para onde quer que vás”. Sejamos livres no Senhor!