(Artigo publicado originalmente em www.centrovocacional.com.
Conforme São Paulo nos ensina, o único mediador entre Deus e o homem é Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Tm 2,5). No entanto, este, antes de partir deste mundo, quis constituir os apóstolos como seus ministros. Deixando-nos, assim, alguém a quem pudéssemos recorrer a fim de recebermos o perdão dos pecados e nos alimentar da Eucaristia. Ou seja, Cristo institui o sacramento da Ordem, criando o sacerdócio da Nova e Eterna Aliança.
Sendo assim, todo sacerdote age “in persona Christi Capitis” (na pessoa de Cristo Cabeça). Ensina-nos o Catecismo que "[...] o ministro faz as vezes do Sumo e Eterno Sacerdote, Cristo Jesus. Se, na verdade, o ministro é assimilado ao Sumo Sacerdote por causa da consagração sacerdotal que recebeu, goza do poder de agir pela força do próprio Cristo que representa “Virtute ac persona ipsius Christi” (CIC 1548). O padre, pois, tem o poder de agir com a mesma força de Jesus. Ele mesmo já proferira no discurso de despedida dos apóstolos: “Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas”(Jo 14,12).
É o próprio Cristo que age na pessoa do sacerdote. Por isso, podemos dizer que o sacerdote é outro Cristo (Alter Christus). Aquele que caminhou na Judéia, na Galileia, na Samaria e em Jerusalém, continua a caminhar conosco, em nossas cidades, em nossos caminhos através dos nossos padres. Dessa maneira, podemos recorrer a Cristo em nossa oração, escutá-lo em sua Palavra, unir-nos a Ele alimentando-nos da Eucaristia e nos reconciliar com Ele através do sacramento da penitência que recebemos do sacerdote.
Todavia, como ensina o Catecismo, essa configuração a Cristo, não garante que o sacerdote fique imune a todas as fraquezas humanas, ao espírito de dominação, aos erros e até aos pecados. A graça da ordenação não muda ou soma virtude alguma à pessoa. Entretanto, “[...]nos sacramentos esta garantia é assegurada, de tal forma que mesmo o pecado do ministro não possa impedir o fruto da graça” (CIC 1550). No sacramento é o próprio Cristo quem age. O sacerdote apenas empresta o seu ser, mas é Cristo quem realiza o sacramento. Por isso, independente da pessoa, a graça do sacramento é assegurada a qualquer fiel de igual modo.
Portanto, é necessário termos um olhar de fé. Pois, quando olhamos para um padre, devemos considerar que apesar de muitas vezes apresentar os mesmos defeitos e limitações de antes de sua ordenação, a nossa fé nos garante que há algo de diferente nele: Ele é Cristo! É o Cristo em nosso meio, feito sacramento para nossa salvação. Uma certeza que, como já foi dito, só pode ser compreendida por quem tem fé.
Agradeço a colaboração de Larissa e Luís Henrique finalização deste artigo.