domingo, 28 de agosto de 2011

Audiência do Papa sobre a meditação

Devido a falta de tempo para escrever, proponho a leitura da catequese do papa sobre meditação.

O homem em oração (10)
A meditação
Amados irmãos e irmãs
Ainda estamos na luz da solenidade da Assunção, que — como eu disse — é uma Festa da esperança. Maria chegou ao Paraíso e este é o nosso destino: todos podemos chegar ao Paraíso. A questão é: como. Maria conseguiu; Ela — reza o Evangelho — é «Aquela que acreditou que se haviam de cumprir as coisas que o Senhor lhe disse» (cf. Lc 1, 45). Portanto Maria acreditou, confiou em Deus, entrou com a sua vontade naquela do Senhor e assim pôs-se precisamente na via directíssima, no caminho rumo ao Paraíso. Crer, confiar no Senhor, entrar na sua vontade: este é o rumo essencial.
Hoje não gostaria de falar sobre todo este caminho da fé, mas só sobre um pequeno aspecto da vida de oração, que é a vida do contacto com Deus, ou seja, sobre a meditação. E o que é meditação? Quer dizer «fazer memória» do que Deus fez e não esquecer os seus numerosos benefícios (cf. Sl 103, 2b). Muitas vezes vemos só as coisas negativas; temos que conservar na nossa memória também as coisas positivas, os dons que Deus nos concedeu, prestar atenção aos sinais positivos que vêm de Deus e fazer memória dos mesmos. Portanto, falamos de um tipo de prece que na tradição cristã é chamada «oração mental». Em geral conhecemos a oração com palavras, naturalmente também a mente e o coração devem estar presentes nesta oração, mas falemos hoje de uma meditação que não é de palavras, mas um contacto da nossa mente com o coração de Deus. E aqui Maria é um modelo muito real. O evangelista Lucas repete várias vezes que Maria «conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração» (2, 19; cf. 2, 51b). Guardiã que não esquece, Ela está atenta a tudo o que o Senhor lhe disse e fez, e medita, isto é, entra em contacto com várias realidades, aprofundando-as no seu coração.
Portanto, Aquela que «acreditou» no anúncio do Anjo fez-se instrumento para que a Palavra eterna do Altíssimo pudesse encarnar, e acolheu também no seu coração o prodígio admirável daquele nascimento humano-divino, meditou-o, ponderou com a reflexão sobre o que Deus realizava nela, para acolher a vontade divina na sua vida e para lhe corresponder. O mistério da encarnação do Filho de Deus e da maternidade de Maria é tão grande que exige um processo de interiorização, e não é só algo de físico que Deus realiza nela, mas algo que requer uma interiorização da parte de Maria, que procura aprofundar a sua compreensão, interpretar o seu sentido e entender as suas influências e implicações. Assim, dia após dia, no silêncio da vida diária, Maria continuou a conservar no seu coração os sucessivos eventos admiráveis dos quais foi testemunha, até à prova extrema da Cruz e à alegria da Ressurreição. Maria viveu plenamente a sua existência, os seus deveres quotidianos, a sua missão de Mãe, mas soube manter em si um espaço interior para meditar sobre a palavras e a vontade de Deus, sobre o que se realizava nela, sobre os mistérios da vida do seu Filho.
No nosso tempo vivemos absorvidos por numerosas actividades e compromissos, preocupações e problemas; muitas vezes tendemos a preencher todos os espaços do dia, sem ter um momento para parar, meditar e alimentar a vida espiritual, o contacto com Deus. Maria ensina-nos como é necessário encontrar nos nossos dias, com todas as actividades, momentos para nos recolhermos em silêncio e meditar sobre aquilo que o Senhor nos quer ensinar, sobre o modo como está presente e age no mundo e na nossa vida: sermos capazes de parar um momento e de meditar. Santo Agostinho compara a meditação sobre os mistérios de Deus com a assimilação do alimento, e usa um verbo que se repete em toda a tradição cristã: «ruminar»; isto é, os mistérios de Deus devem ressoar continuamente em nós mesmos, para que se tornem familiares, orientem a nossa vida e nos nutram, como acontece com o alimento necessário para nos sustentarmos. E são Boaventura, referindo-se às palavras da Sagrada Escritura, diz que «devem ser sempre ruminadas para poderem ser fixadas com aplicação ardente do espírito» (Coll. In Hex, ed. Quaracchi 1934, p. 218). Portanto, meditar quer dizer criar em nós uma situação de recolhimento, de silêncio interior para ponderar, assimilar os mistérios da nossa fé e de quanto Deus realiza em nós; e não só sobre as coisas que vão e vêm. Podemos fazer esta «ruminação» de vários modos, lendo por exemplo um breve trecho da Sagrada Escritura, sobretudo os Evangelhos, os Actos dos Apóstolos, as Cartas dos Apóstolos, ou então uma página de um autor de espiritualidade que nos aproxima e torna mais presentes as realidades de Deus no nosso hoje, talvez deixando-nos também aconselhar pelo confessor ou pelo director espiritual, ler e meditar sobre o que lemos, ruminando sobre isto, procurando compreendê-lo, entender o que me comunica, o que me diz hoje, abrir a nossa alma àquilo que o Senhor nos quer dizer e ensinar. Também o Santo Rosário é uma prece de meditação: repetindo a Ave-Maria somos convidados a repensar e meditar sobre o Mistério que proclamamos. Mas podemos meditar inclusive sobre alguma experiência espiritual intensa, sobre palavras que nos ficaram gravadas mediante a participação na Eucaristia dominical. Então, vede, há muitos modos de meditar e assim de entrar em contacto com Deus e de nos aproximarmos de Deus e, desta forma, de estar a caminho do Paraíso.
Caros amigos, a constância ao reservar o próprio tempo a Deus é um elemento fundamental para o crescimento espiritual; é o próprio Senhor que nos infundirá o gosto pelos seus mistérios, suas palavras, sua presença e acção, sentindo como é bom quando Deus fala connosco; far-nos-á compreender de modo mais profundo o que deseja de nós. No final, é mesmo esta a finalidade da meditação: entregar-nos cada vez mais nas mãos de Deus, com confiança e amor, certos de que só no cumprimento da sua vontade seremos enfim verdadeiramente felizes.
Bento XVI

terça-feira, 12 de julho de 2011

Ação de Deus na História Vocacional

No processo de discernimento vocacional, é comum o vocacionado ver-se confuso diante dos diversos caminhos que lhe são viáveis e das incertezas que esse procedimento origina. Contudo, existe algo que ele não pode perder de vista: é Deus quem o chama, o ama e quer fazê-lo feliz. Por isso, o Senhor Deus deve conduzir o seu discernimento. Mas de que modo?

Antes de nascermos, Deus já traçou um plano de salvação para cada um. Assim Ele falou ao profeta Jeremias: "Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações" (Jr 1,5).

No entanto, nós só tomamos conhecimento desse chamado conforme amadurecemos na vida e na intimidade com Deus. O convite do Senhor é apresentado na nossa história pessoal: "Vem e segue-me" (Mt 29, 21). Muitas vezes, estamos cegos, surdos, apegados às coisas deste mundo e não ouvimos o Senhor que nos chama. Entretanto, em um momento, o seu chamado nos estremece. É o despertar vocacional!

As palavras ouvidas no interior incomodam e exigem uma resposta. Muitas dúvidas surgem e O questionamos como São Paulo: "Senhor, que queres que eu faça"? (At 9,6). Daí, devemos buscar auxílio de quem já passou por esse caminho, dos sacerdotes, dos Serviços de Animação Vocacional (SAV), das Pastorais Vocacionais (PV) e dos Centros de Orientação Vocacional (sugiro o CAOV).

Neste processo de discernimento, muitos elementos nos serão apresentados, entre eles, a análise da história pessoal. Isto consiste em olhar para o passado e identificar como Deus agia em cada situação da vida. Iniciando pela análise do que precedeu o nascimento (formação da família, doenças, tentativas de aborto, entre tantas realidades específicas), passando pela criação, traumas, pecados e sucessos, devemos identificar onde e como Deus agiu em nossa história. Mesmo nas derrotas, entender como Deus manifestou o Seu amor.

A pergunta que devemos fazer é: "em tudo o que já me aconteceu, como Deus agia? De que maneira Ele me conduziu até aqui? Nas mais diversas situações, em que direção e com que proposta o Senhor orientou"? Deste modo, o vocacionado pode dar passos mais firmes em direção àquilo que Deus planejou para sua vida.

Não é um processo simples, no entanto é necessário, principalmente se há traumas na história. Precisamos passar por um processo de cura interior, descobrimento do amor de Deus e de seu plano de salvação. Deste modo, cresceremos no autoconhecimento e no entendimento da vontade de Deus.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Padre

(Artigo publicado originalmente em www.centrovocacional.com.


Conforme São Paulo nos ensina, o único mediador entre Deus e o homem é Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Tm 2,5). No entanto, este, antes de partir deste mundo, quis constituir os apóstolos como seus ministros. Deixando-nos, assim, alguém a quem pudéssemos recorrer a fim de recebermos o perdão dos pecados e nos alimentar da Eucaristia. Ou seja, Cristo institui o sacramento da Ordem, criando o sacerdócio da Nova e Eterna Aliança.


Sendo assim, todo sacerdote age “in persona Christi Capitis (na pessoa de Cristo Cabeça). Ensina-nos o Catecismo que "[...] o ministro faz as vezes do Sumo e Eterno Sacerdote, Cristo Jesus. Se, na verdade, o ministro é assimilado ao Sumo Sacerdote por causa da consagração sacerdotal que recebeu, goza do poder de agir pela força do próprio Cristo que representa Virtute ac persona ipsius Christi” (CIC 1548). O padre, pois, tem o poder de agir com a mesma força de Jesus. Ele mesmo já proferira no discurso de despedida dos apóstolos: Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas(Jo 14,12).


É o próprio Cristo que age na pessoa do sacerdote. Por isso, podemos dizer que o sacerdote é outro Cristo (Alter Christus). Aquele que caminhou na Judéia, na Galileia, na Samaria e em Jerusalém, continua a caminhar conosco, em nossas cidades, em nossos caminhos através dos nossos padres. Dessa maneira, podemos recorrer a Cristo em nossa oração, escutá-lo em sua Palavra, unir-nos a Ele alimentando-nos da Eucaristia e nos reconciliar com Ele através do sacramento da penitência que recebemos do sacerdote.


Todavia, como ensina o Catecismo, essa configuração a Cristo, não garante que o sacerdote fique imune a todas as fraquezas humanas, ao espírito de dominação, aos erros e até aos pecados. A graça da ordenação não muda ou soma virtude alguma à pessoa. Entretanto, “[...]nos sacramentos esta garantia é assegurada, de tal forma que mesmo o pecado do ministro não possa impedir o fruto da graça (CIC 1550). No sacramento é o próprio Cristo quem age. O sacerdote apenas empresta o seu ser, mas é Cristo quem realiza o sacramento. Por isso, independente da pessoa, a graça do sacramento é assegurada a qualquer fiel de igual modo.


Portanto, é necessário termos um olhar de fé. Pois, quando olhamos para um padre, devemos considerar que apesar de muitas vezes apresentar os mesmos defeitos e limitações de antes de sua ordenação, a nossa fé nos garante que algo de diferente nele: Ele é Cristo! É o Cristo em nosso meio, feito sacramento para nossa salvação. Uma certeza que, como já foi dito, só pode ser compreendida por quem tem fé.

Agradeço a colaboração de Larissa e Luís Henrique finalização deste artigo.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Despert(s)os no pecado

Ficamos chocados, ontem, com a tragédia na escola do Rio de Janeiro. Não esperávamos ver tal cena americana aqui no Brasil. Posições de especialistas e de repórteres preencheram o noticiário que repetiu por todo o dia. Entretanto, desejo, nestas poucas linhas, chamar atenção para um dado importante: a última frase do trecho da carta publicada escrita pelo assassino.

"Preciso da visita de um fiel seguidor de Deus
em minha sepultura pelo menos uma vez,
preciso que ele ore diante de minha sepultura
pedindo o perdão de Deus pelo o que eu fiz,
rogando para que na sua vinda
Jesus me desperte do sono da morte para a vida..."

Esta pessoa tinha consciência do erro que estava cometendo e acreditava na salvação de sua alma, se alguém rezasse por ele. Seria isso a esperança cristã? Certamente que não, pois Deus promete que o céu é para aqueles que promovem a justiça a paz, que o amam de todo o coração e rejeitam o pecado. No entanto, cabe apenas a Deus julgar a sua alma e a nós rezar por ele independente do que tenha feito.


Guardando as devidas proporções, isso me fez pensar naquelas pessoas que levam uma vida "enfurnada" no pecado, sem nenhuma preocupação em fazer o bem a sua alma ou a sociedade e, no entanto, esperam serem salvas. Querem para si o bem aparente do pecado, mas não são capazes de assumir a vontade de Deus e, assim, tornam-se escravos do mal. Deste modo vivem tantas pessoas que fundamentam sua vida no prazer, na posse. Tantos que são gananciosos, malvados, intolerantes, violentos. E também, porque não, aqueles que se dizem crentes, mas vivem como se Deus não existisse.

O meu desejo não é inocentar esse criminoso, mas questionar: como você tem cultivado a tua fé, para a salvação de tua alma? O que está em primeiro lugar na tua vida? Creio que você não seja capaz de cometer tal barbaridade, mas o que você faz lhe garante a salvação?

terça-feira, 15 de março de 2011

Quaresma: tempo de penitências

Mais uma vez iniciamos o precioso tempo quaresmal, em que a Igreja chama-nos a uma profunda conversão. Na missa de quarta-feira de cinzas o padre rezava na oração coleta: "... que a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal". É a penitência (jejum), associada a oração e a esmola que conduzem este período. Infelizmente, estamos mal acostumados a fazer mortificações. Por isso, torna-se importante relembrar algumas passagens do Evangelho que o Senhor transmite importantes conselhos.

Jesus nos exorta no evangelho de São Mateus: "Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu" (Mt 6,1). A penitência que eu realizo deve ter por finalidade a cura (ou conversão) do meu coração e o louvor de Deus, para a salvação da minha alma. Se eu a realizo com interesse de ser aclamado pelas pessoas, não receberei a condenação divina, mas também não me aproximarei d'Ele, nem terei o meu coração convertido de seus erros. Por isso, é muito louvável a prudência e a sutileza. Ninguém precisa saber da minha mortificação. Vale ressaltar que toda penitência bem feita (de modo devido) é uma boa obra, conforme exorta o Senhor na passagem acima citada, porque serve para o crescimento pessoal e comunitário.

Entretanto, o evangelista registra outro ensinamento de Jesus: "Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus" (Mt 5,16). Ora, Jesus, em um momento, pede que mantenhamos as boas obras em segredo, em outro, que as façamos diante dos homens. Como devemos proceder, afinal?

A saída deste dilema é: devemos agir de tal forma que nossas ações glorifiquem a Deus. Isso dependerá da minha intenção interior e da capacidade de compreensão do ouvinte. Se meu interesse é que as pessoas vejam que eu estou fazendo penitência, elas verão e isso não me acrescentará nada. Se for simplesmente porque eu preciso emagrecer ou produzir mais trabalho (dinheiro), de nada valerá. Terei meu dinheiro ou serei mais magro, mas não receberá reconhecimento de Deus. Se estas últimas forem feitas de coração puro, tornar-se-ão justas se a finalidade é cuidar melhor do corpo, templo do Espírito Santo ou ter mais dinheiro, não para acúmulo pessoal, mas para aplicá-lo devidamente.

Aquele que realiza as mesmas mortificações para que seja libertado dos seus vícios, ou para se dedicar melhor à oração, pode contar isso para outras pessoas em forma de partilha que não estará agindo contrário ao conselho do Senhor. Os pastorinhos de Fátima sabiam conservar suas boas obras em segredo das demais pessoas, contudo partilhavam muito entre si, falando das mortificações que faziam, da alegria que sentiam por fazer a vontade de Deus e dos terços que rezavam. Isto os motivava a serem fiéis e humildes.

Nós também podemos partilhar com alguns amigos nossas penitências quaresmais e com isso motivarmo-nos a ser mais santos. Mas que seja para poucas pessoas. Quais? As devidas. Algum(ns) amigo(s) com quem sempre partilhamos, alguém que precise de uma motivação para dar mais a Deus. Enfim, devemos ter sabedoria para ver quando e com quem essa partilha deve ser feita. Se fizermos com espírito orante e humilde, eles verão as nossas boas obras e glorificarão ao Pai que está nos céus (cf. Mt 5,16). Essa partilha motivará ao outro a fazer a sua mortificação, aumentará a fraternidade e tornará a amizade mais santa.

domingo, 6 de março de 2011

Carnaval

    Chegou o Carnaval! Neste período, muitos aproveitam para viajar, descansar, se divertir, brincar, etc. É um momento oportuno para tudo isso, ainda que alguém não concorde com a festa. No entanto, é um período em que muitos pecados são cometidos, que acabbam ofendendo a Nosso Senhor.
    Desde a origem, essa festa está ligada ao pecado. Não desejo aqui justificar esse argumento, mas apresentar algo que é antigo na Igreja: a reparação para os dias de carnaval.
    Quando Nosso Senhor Jesus Cristo apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque, pediu que reparasse o Coração Sacratíssimo de Jesus e que divulgasse essa devoção. O Seu coração, chagado com os nossos pecados, deve ser desagravado por nós pelos nossos pecados e o de todos os homens.
    Não precisamos esperar a quaresma para desagravar Seu coração. Podemos fazer isso hoje, principalmente nesses dias que Ele é mais ofendido. Façamos pelo nossos pecados e os do mundo inteiro.
    Para isso, sugiro esta oração de desagravo e reparação pública para os dias de carnaval e pecados públicos:

Ó Coração dulcíssimo de Jesus! Coração Hóstia!
Coração vítima, para quem os homens ingratos
só tem esquecimento, indiferença e desprezo!
Permiti que vosssos filhos devotos venham,
neste dia de salvalção e de perdão,
pedir misericórdia a vossos pés e
dar-vos reparação pública pelas traições,
atentados e sacrilégios de que sois vítima adorável
em Vosso Sacramento de amor!

Ah! pecadores também, apenas ousamos apresentar-vos!
Cada um de nós teme, e não se sente com ânimo
para elevar a voz em favor de seus irmãos!
Entretanto, ó Jesus, confiando na infinita bondade do vosso Coração
e prostrando-nos humildemente, perante vossa Majestade
ultrajada pelos crimes que inundam a terra,
ousamos dizer-vos: Senhor, não castigueis!
Não castigueis! Ou, ao menos, não castigueis ainda!
O vosso indulgente amor perdoará a nossa temeridade!

Ó Coração de Jesus, Coração tão generoso e tão terno,
Coração tão amante e tão doce, perdão primeiramente para nós,
perdão para os pobres pecadores!
Aceitai o nosso desagravo, a nossa reparação pública pelas blasfêmias,
com que a terra tremendo ressoa!
Perdão para os blasfemadores!

Resparação pública pelas frofanações dos vossos sacramentos
e do santo dia que vos é consagrado.
Graça e perdão para os profanadores!

Reparação pública pelas irreverências e imoléstias
cometidas no lugar santo.
Graça e perdão para os sacrílegos!

Reparação pública pela indiferença que de vós aparta tantos cristãos

Graça e perdão para os ingratos!

Reparação pública por todos os atentados
cometidos contra Vós neste carnaval.
Ainda que uma vez, meu Deus, graça e perdão para todos os homens.

Favorecei-nos, Senhor, em consideração do Coração adorável
de vosso Divino Filho,
que vela em todos os santuários, Vítima permanente por nossos pecados!

Seja ouvido em nosso favor o seu Sangue preciosíssimo!
Cessem as ofensas!
Estabeleça-se o vosso divino amor!
Reine, triunfe nos corações de todos os homens,
para que todos os homens reinem um dia convosco no céu!
Assim sej
a!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Os desastres e o fim da violência

Tomou conta das manchetes dos jornais, esta semana, o maior desastre natural registrado no Brasil, acontecido recentemente na Região Serrana do Rio de Janeiro. Com um número absurdo de óbitos e vítimas não fatais, fomos envolvidos por grande comoção, não só pela tragédia em si, mas também por não ser difícil que haja um conhecido nosso em meio às vítimas. E tudo isso, sem que ainda tenhamos nos recuperado dos deslizamentos ocorridos em abril do ano passado em São Gonçalo, Rio de Janeiro e Niterói, especialmente no Morro do Bumba.

Neste clima de dor, quero fazer uma pequena reflexão sobre um assunto que está ligado a este. Alguns teóricos, seguidores de Tomas Malthus, desenvolveram sua tese a cerca do crescimento populacional e criaram algumas teorias políticas para a solução da violência. Dois autores americanos (Steven Levitt e Stephen J. Dubner), na obra "Freakonomics", afirmam que o aborto de bebês em famílias de baixa renda é uma solução para o fim da violência, pois as suas mães não têm como cuidar dos filhos e eles acabam se perdendo no tráfico de drogas. Chegam a afirmar que a diminuição da violência na década de 90 nos EUA está ligada ao aumento do número de abortos liberados em 1975. Por isso, os autores concluem que a aprovação do aborto diminui a violência.

Analisemos, pois, agora. Uma coisa não está, necessariamente, ligada à outra. Em algum lugar, o resultado poderia ser diferente.

Olhando todos esses desastres, permanece em nós um questionamento: quantas pessoas morreram  nessas catástrofes que citamos? Sabemos que a maioria era de baixa renda. Será que isso será capaz de acabar com a violência no Estado do Rio de Janeiro? Diminuirá o número dos crimes praticados?

Além disso, observamos a grande operação policial no Complexo do Alemão. Depois da retomada dos seus morros, o roubo de carro diminuiu consideravelmente na região. Será que essas teorias, não são justificativas furadas para a aprovação do aborto?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Será que sou ético?

Todos nós temos um profundo desejo de que a nossa sociedade progrida na justiça. Mas, para isso, precisamos de uma grande disposição em rejeitar o que em nós há de errado e buscar ser melhor, pois, sem este desejo, não há educação que nos ensine o caminho correto. Diante de tamanha crise moral, cabe-nos refletir sobre o nosso modo de agir, para sabermos se o que fazemos é realmente justo. Se somos pessoas que contribuem para o verdadeiro progresso da humanidade, que é o desenvolvimento integral do ser humano.

Justiça, segundo a definição clássica, é dar a cada um o que lhe é devido. No entanto, ao olhar o nosso entorno, podemos observar coisas que não temos o direito de possuir. Por exemplo, o consumo de energia elétrica, água, internet ou TV por assinatura é injusto quando tem origem em uma fonte clandestina; é um roubo. Por isso, ao clamar por justiça, também reivindicamos que o gasto desses serviços seja pago por quem os consumiu. Caso contrário, o pagamento será aplicado à empresa fornecedora, que repassará para outros clientes. Deste modo, fazer "gato" não é só injustiça contra a empresa, mas contra toda a população.

A mesma injustiça se dá de forma inversa quando o prefeito de uma cidade ou o presidente de uma dessas empresas aplica em seu favor parte da verba destinada ao benefício do povo. A diferença está na quantidade roubada - que soma um montante maior - e na pessoa afetada, pois este dinheiro é de uma pessoa jurídica e eu é que sou o beneficiado.

Ao realizar isto, prefeitos, presidentes de empresas ou cidadãos tornam-se pessoas corruptas e anti-éticas. É bom compreender bem estes termos. Ser ético é seguir as leis normativas que, baseadas nos costumes dos povos e indicação dos sábios, segunda a reta razão, ensinam a maneira correta de os homens agirem. O corrupto, de outro modo, é aquele que se deixa corromper, como um organismo que depois de morto entra em estado de putrefação ou decomposição. É por isso que ouvimos tantas pessoas falarem estas palavras em associação, mas sem as compreenderem e, consequentemente, não sabem que também agem de maneira anti-ética e corrupta. Ser corrupto é ser humanamente podre.

A corrupção não está restrita aos políticos. É certo que neste meio ela é mais comum, até mesmo nos menores benefícios, como no de um emprego, um atendimento privilegiado nos serviços públicos, vagas em concursos; mas também é corrupto o policial que aceita um suborno para não autuar um criminoso, ou aquele que paga para não ser multado ou para reduzir burocracias. Assim como aqueles que copiam (pirateiam) música, filme, software ou qualquer outro produto sem possuir os direitos autorais, seja pela internet ou por CDs e DVDs; ou então os que copiam livros indevidamente. Todos esses são tão corruptos quanto nossos representantes.

Mas o que poderíamos fazer para que em nossa sociedade haja menos roubo, seja mais justa? A primeira coisa necessária é compromisso com a verdade, pois esta leva à ética. Se queremos uma sociedade melhor, devemos lutar por esses valores primeiramente em nós. Depois, naqueles que nos são próximos ou são formados por nós. Por último, nos mais distantes. Muitas vezes, diante de situações complexas, somos motivados a agir assim. Mas se em nós houver um princípio de verdade, de justiça e de ética, sofreremos as consequências de não nos deixarmos corromper. É necessário esforço. É necessário empenho. Eu acredito em uma sociedade melhor e luto por ela. E você?
(Este artigo foi publicado originalmente em http://essencial-e-invisivel.blogspot.com
no dia 04 de março de 2010)

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ano Novo, a mesma esperança

     Chegou 2011. Mais um ano se inicia. Na virada, reunimo-nos com nossa família, amigos e pessoas que amamos para celebrar esse momento marcante. Comemoramos com fogos, champagne, comida e oração. Isso tudo porque desejamos que o ano iniciado será melhor do que o que passou.
     Ao cumprimentar as pessoas, desejamos paz, sucesso e bênçãos dos céus. Desejamos porque acreditamos que isso é possível. Se não acreditássemos não desejaríamos, porque estaríamos vivendo uma ilusão. Alguns crêem que essa "sorte" pode vir através da roupa que usam, do que comem ou do que fazem à meia-noite. Mas isso nada mais são do que supertições, pois tais coisas não permitem transcendermos ao céu.
     Apesar de toda crença infundada, podemos observar um sentido de esperança em todas nós. Seja o cristão ou o ateu. Acreditamos que o ano vindouro será melhor, não por nossa autosuficiência, mas porque fatores externos contribuirão para isso. Ainda que muitos afirmem não terem fé, a esperança se manifesta em nossos povos. No entanto, não pode haver esperança, se não existe fé.
                                                "A fé é o fundamento da esperança,
                                      é uma certeza a respeito do que não se vê" (Hb 11,1)

     Essa esperança também alimenta a fé dos que crêem, pois se os que não acreditam têm esperança, porque eu vou duvidar?
                            "Conservemo-nos firmemente apegados à nossa esperança,
                           porque é fiel aquele cuja promessa aguardamos". (Hb 10,23)

      Constatamos isso com grande alegria, pois também temos esperança que nossa família e nossos povos se convertam e proclamem a verdade da salvação. Podemos, então, com novo vigor e fala profética, desejar a todos muita paz, saúde, e bênçãos de Deus, pois quem ouvir acreditará que, conforme a vontade de Deus, receberá essas graças.

     Um abençoado 2011 para você! Que a luz de Cristo habite, neste ano, em teu coração e te ensine a agir conforme a vontade de Deus. Feliz Ano Novo!