domingo, 1 de junho de 2014

Adélia Prado, pensadora e cantora da vida real

Saindo um pouco de nossa rotina de publicações, trazemos hoje uma apresentação de uma grande pensadora brasileira, ainda pouco conhecida. Adélia Prado, formada em filosofia, poetiza, tem reflexões profundas sobre família, casamento, amor e política. "Poeta do cotidiano", não canta ideias aéreas e de outro mundo, mas da realidade. Queremos, portanto, apresentar alguns traços do seu pensamento e citações de poemas com o objetivo de fazê-la mais conhecida e considerada.

O realismo marca a sua produção. Em uma época que o sentido, a finalidade e o princípio são negados, ou seja, um mundo que só busca viver o hoje e o prazer, sem se preocupar com as consequências de seus atos e da sua justificativa, a sua arte surge como exemplo de equilíbrio humano e paz, que não vem de outro lugar, senão da aceitação do real.


Por isso, ela olha para o casamento como uma vivência de amor que passa, necessariamente, pelo suor da arrumação da casa, do lavar a roupa, a louça, trocar frauda do bebê. É amor sem terceirização. Isso é contraposto ao amor centrado no prazer. Não é uma contradição ao que se prega no mundo hoje?

Ela mesmo resume seus poemas em três temáticas: sexo, morte e Deus. Em outras palavras: amor, drama da vida e Fé. São os três impulsos humanos. O amor é a dedicação ao outro que causa realização e tem sua expressão máxima no casamento (constituído na relação sexual). A morte é a repugnância humana, que não pode ser negada, mas vivida. A fé é o sentido que a vida encontra para se manter, pois o seu fundamento está em Deus. São as temáticas que o resume o viver e o existir.

Por fim, recomendo alguns vídeos de sua participação no programa Roda Viva, no dia 24/03/2014, e uma declamação. Espero que seja muito útil a cada um.

Roda Viva, Bloco 1.
Roda Viva, Bloco 2.
Roda Viva, Bloco 3.
Roda Viva, Bloco 4.
Poema "Casamento"

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Jesus é a Palavra de Deus

Formação
Ainda à tempo, neste último dia do mês de setembro, dedicado à Bíblia (melhor seria dizer à Palavra de Deus) e dia que a Igreja celebra São Jerônimo, quis trazer uma formação sobre um termo muito usual, mas pouco consciente em sua significação. Desejando promover um maior conhecimento de Cristo, que deve ser o foco de toda a Evangelização, proponho essa temática.

O termo “Palavra de Deus” é usado comumente para múltiplos significados. Aparece para designar a Bíblia, uma mensagem divina ou um trecho das Sagradas Escrituras. Entretanto, ele tem um significado próprio que, na mesma linguagem comum, pode perder sua riqueza, pois a Palavra de Deus, em primeiro lugar, é Jesus Cristo (cf. Jo 1). Se aqueles significados expressam este, ótimo. Caso contrário, esvazia o mais profundo e belo do termo.

A expressão aparece muitas vezes assim: “a Bíblia é a Palavra de Deus”. No entanto, a melhor construção seria “a Bíblia é o Livro da Palavra de Deus”, pois é o livro que fala de Cristo e o revela para nós. Jesus Cristo não é a Bíblia, mas esta contém a Palavra, que é Ele mesmo; contém a mensagem que Ele proclama.

São Jerônimo nos ensina que a Escritura fala de Cristo e desconhecer a Escritura é desconhecer o próprio Cristo. O centro, portanto, das Sagradas Escrituas é a Plenitude dos Tempos (a Encarnação), de modo que o Antigo Testamento existe em função de Cristo e fala dele, ainda que de modo velado. Se assim o é, o autor de cada livro, necessariamente, é o próprio Deus, que se utilizou de homens, mas inspirados por Ele.


Portanto, o termo “Palavra de Deus” é mais abrangente que “Sagradas Escrituras” ou “Bíblia”. Digo mais, a Palavra de Deus não é encontrada unicamente nas Sagradas Escrituras, e aqui encontramos a diferença da postura católica e protestante, em relação às Sagradas Escrituras. Encontramos a Palavra de Deus na Sagrada Tradição, que conservou alguns ensinamentos de Cristo não testemunhados nas Escrituras. Também encontramos a Palavra de Deus na Igreja, pois a Igreja é o Corpo de Cristo (poderíamos dizer “o Corpo da Palavra”) e possui uma assistência atual de Cristo, atualizando a Palavra de Deus revelada e iluminando os problemas atuais.

A Bíblia não é a única realidade sagrada. É sagrada, deve receber toda reverência, amor e inclinação, mas também a Sagrada Tradição e a Santa Igreja são realidades sagradas que nos apresentam, em primeiro lugar, Cristo. Por este motivo, o Concílio de Trento havia promulgado em sua primeira sessão a igual reverência à Sagrada Escritura e à Sagrada Tradição.


Essa visão não nos pode fazer desprezar a Bíblia. Ao contrário, devemos ler as Sagradas Escrituras como pai de família que tira do baú coisas novas e velhas” (Mt 13,52). Busquemos com maior assiduidade o estudo e leitura da Palavra de Deus (podemos falar assim sem risco de erro). Apenas com o contato frequente com a Bíblia e plena abertura de coração podemos ter nossa vida inserida e transformada em Cristo.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O Sacramento da Penitência

Formação
A teologia católica nos ensina que todo sacramento é um ato de Cristo realizado através da Igreja. Jesus encarnou-se para cumprir o desejo do Pai, de salvar a humanidade. Tudo o que realizou são atos salvíficos. Salvou os homens de seu tempo e essa salvação também nos atinge. Desejando manter um instrumento visível para os homens e mulheres se reconciliarem com Deus, instituiu o sacramento da Penitência.



A grande dificuldade dos fiéis, alimentada ainda mais pelo protestantismo, é a de entender como um “homem” pode ter o poder de perdoar pecados. Se um fiel permite-se aderir essa dúvida, poderá assumir muitas outras e chegar ao ponto de questionar até mesmo a autoridade da Sagrada Escritura. Seria o caos na fé!

Esse dilema se resolve de maneira muito simples. Cristo quis utilizar-se de homens para conceder a graça do perdão, e disse-lhes: “Tudo o que ligares na terra, será ligado no céu. Tudo o que desligares na terra, será desligado no céu”. O sacerdote é um ministro que faz as vezes de Cristo junto dos homens.

O efeito imediato do sacramento é o perdão dos pecados. Um segundo efeito muito recorrente é paz e tranquilidade sentida após cada confissão. Confessar é garantir o céu; é purificar-se; é renovar o amor por Jesus. Com esse perdão, somos impulsionados a continuar a nossa árdua missão.

Quando cometemos um pecado, toda a Igreja, por que é um corpo, sofre suas consequências. Se essa igreja é formada por seus membros, estes também são atingidos pelas consequências do pecado. A confissão nos reconcilia com Deus e com esses irmãos, inserindo-nos unidos não em uma estrutura, porém em uma comunhão de almas.

O sacramento da Penitência é de suma importância, pois ele nos coloca novamente em comunhão com Deus. Se pecar é dizer não a Deus, Ele não tem como nos conceder sua graça, uma vez que o rejeitamos. Precisamos pedir perdão, confessar e aí poderemos contar novamente com sua força. O sacramento da Confissão também nos livra da morte eterna, se estamos em pecado grave, pois este é um “ingresso para o inferno”. Se um fiel está em pecado grave, deve buscar a confissão o mais rápido possível, pois nunca sabemos quando será nossa hora. Ainda que não possua pecados graves, é muito salutar que o fiel busque a confissão com certa frequência (quinzenalmente, mensalmente) para que assim evite cometer os pecados graves.

Por fim, desejo indicar alguns passos para uma boa confissão. A primeira coisa que se deve fazer é um bom exame de consciência. Para tal, vale muito repassar os 10 mandamentos da Lei de Deus e os 5 mandamentos da Igreja, questionando ao Senhor se ofendeu a Ele ou não. Em seguida, o fiel pede perdão ao Senhor, arrepende-se de ter cometido e vai ao sacerdote. Na confissão, basta contar o tipo de pecado, quantidade de vezes que o cometeu e se foi acompanhado (exemplo: um roubo cometido 2 vezes com outras 2 pessoas).


Assim agindo, certamente o Senhor dará forças para ser fiel a Ele.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Carta dos Bispos do Regional Leste 1 aos Deputados Federais e Senadores

O povo brasileiro, à medida que descobre a maldade da lei PLC nº 3/2013, se indigna com o descompromisso dos nossos representantes. Divulgo aqui essa carta, que tive acesso pelo Zenit.org e não teve tamanha divulgação. Peço que divulguem para que o povo veja a feliz postura firme e exigente dos nossos bispos.
Segue, na íntegra, a carta:

Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2013.
Exmo. Sr.
Os bispos do Regional Leste I, sem deixarem de prestar sua solidariedade às mulheres vítimas de qualquer violência, sobretudo sexual, querem demonstrar sua profunda consternação com o PLC nº 3/2013, e sua sanção, por não estar, realmente a favor da vida, atentando contra um inocente indefeso no ventre materno. A defesa da vida desde a sua concepção até sua morte natural é um princípio inviolável dentro de uma sociedade que aspira ser humana e justa com todas as pessoas.

O povo brasileiro tem sido espectador nos dois últimos meses – Junho e Julho – de uma forte e numerosa presença dos jovens nas ruas e praças das principais cidades do país.

Esses rapazes e moças, de modo pacífico e cidadão, têm sido a voz de tantas pessoas que não têm vez numa sociedade cada dia mais manipulada e enganada por grupos ideológicos. 

A saúde, a educação, o transporte, a segurança, os valores éticos, têm sido mencionados em programas de governos e em discursos de políticos brasileiros, porém o que a juventude brasileira mais aspira não são palavras, mas atitudes éticas e soluções permanentes para essas questões.

O Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude realizada entre os dias 23 e 28 de julho foi a voz unida às vozes de milhões de jovens brasileiros e estrangeiros que alegraram ainda mais a Cidade Maravilhosa. A sua voz ecoou nas mentes e nos corações de tantas pessoas que o aplaudiram nesses dias no Rio de Janeiro, e sem omitir outras falas importantes queremos destacar suas palavras no Teatro Municipal no dia 27 de julho passado. 

O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza. Que ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade, fraternidade e solidariedade: esta é a via a seguir”.

Senhor Senador, a sua presença no Congresso Nacional é para todos nós, sobretudo para o nosso povo, um eco dessas vozes. Conhecemos sua identificação como político católico, reconhecemos que a sua atuação tem sempre presente uma visão de futuro para que o Brasil seja realmente uma nação rica nos valores ético e cristãos. 

Os Bispos do Regional Leste 1 da CNBB ficaram muito surpresos e perplexos quando o PLC nº3/2013 foi sancionado sem veto pela Presidenta Dilma Rousseff no último 1º de agosto. 

O povo católico gostaria de ter ouvido mais nitidamente a sua voz denunciando, publicamente, nos meios de comunicação a farsa presente nesse projeto que facilita o aborto no Brasil e acaba obrigando os médicos e hospitais católicos associados ao SUS a realizarem esse crime horrendo.

Nós Bispos esperávamos uma demonstração mais firme e corajosa de Vª. Excia. na defesa da vida da criança e da mãe, especialmente quando esta depois de sofrer uma violência sexual inadmissível pela sociedade, vai sofrer outra violência, que é o aborto, mesmo quando este se dá como uma possibilidade com a ingestão da pílula do dia seguinte. 

Aos nossos políticos católicos reiteramos o nosso respeito e valorização de seu trabalho, mas conscientes do valor da vida humana, deveriam ter demonstrado uma consciência reflexa mais aguçada, pois tal projeto, longe de proteger a mulher da violência sexual, é também uma janela de implantação do aborto em nosso país. Com isso, não queremos desmerecer a obrigatoriedade de atendimento integral às pessoas em situação de violência sexual. 

Os políticos católicos que  receberam votos dos eleitores, na  sua maioria católicos, deveriam testemunhar com o seu voto e a sua voz sua posição contrária à "cultura do descarte", apontada pelo Papa Francisco como uma causa do desprezo da vida humana, e irem, corajosamente, contra a maré, pois suas eleições nos fazem esperar uma defesa maior dos princípios cristãos na vida política.

Dom Orani João Tempesta, O.Cist. - Presidente do Regional Leste 1, Arcebispo do Rio de Janeiro
Dom Luciano Bergamin, CRL - Vice-Presidente do Regional Leste 1, Bispo de Nova Iguaçu
Dom José Francisco Rezende Dias - Secretário do regional Leste 1, Arcebispo de Niterói
Dom Francesco Biasin - Bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda
Dom Antonio Augusto Dias Duarte - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Tarcísio Nascentes dos Santos - Bispo de Duque de Caxias
Dom Edson de Castro Homem - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Frei José Ubiratan Lopes, OFMCap - Bispo de Itaguaí
Dom Pedro Cunha Cruz - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Frei José Ubiratan Lopes, OFMCap - Bispo de Itaguaí
Dom Pedro Cunha Cruz -  Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Frei Elias James Manning, OFMConv - Bispo de Valença
Dom Nelson Francelino Ferreira - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Roberto Francisco Ferrería Paz - Bispo de Campos dos Goytacazes
Dom Paulo Cezar Costa - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Edney Gouvêa Mattoso - Bispo de Nova Friburgo
Dom Luiz Henrique da Silva Brito - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Gregório Paixão, OSB - Bispo de Petrópolis
Dom Roque Costa Souza - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Fernando Áreas Rifan - Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Canto de um vocacionado

Caros leitores,
Retorno às publicações, neste mês vocacional, com uma poesia que escrevi antes de entrar para o seminário. Faço isso para compartilhar o sentimento angustioso de alguém que está para decidir sua vocação. A deixei da mesma maneira que compus, há 7 anos (dia 11/09/2006), sem alterar nada. Espero que seja do proveito de todos, principalmente dos vocacionados.



Canto Desafinado
Não consigo expressar
em rimas o meu cantar
Ele não tem melodia
Só serve para ninar

Como conseguirei expressar
Se o meu Tudo me deixa solto no ar?
Tenho que esperar até fevereiro
Para poder voltar a cantar
Enquanto isso vou duvidando
A que Deus me chama a caminhar
Porque longe d'Ele não posso
ouvir o que estou cansado de escutar

Orar e vigiar
Não aguento duvidar
Isso me parece
Que não vou perseverar

Espero que isso não aconteça
E que eu volte a cantar
As minhas melodias
Que estão soltas no ar