Conforme
vivemos a caminhada cristã, deparamo-nos com diversas realidades e
situações que nos permitem pensar.
Entre elas, estão as inúmeras pessoas que migram de um estado de
segurança espiritual ao seu oposto, quando não chegam à apostasia.
Muitas delas se acomodam, pensando que está melhor assim ou que não
têm força para voltar ao que era antes. Por isso, pensando desde o
pecado original, precisamos entender o que deve motivar o homem e a
mulher em tal estado a retomar o caminho com confiança e fé naquele
que é o motivo de toda a existência.
Cristo concede a esses seus filhos um reencontro com Ele de uma forma também similar ao homem no estado posterior ao pecado original. Ou seja, este homem pecador também tem acesso a uma condição superior à anterior. Portanto, todos aqueles que se encontram destruídos pelo pecado devem saber que o Senhor deseja puxá-los novamente para junto de si e dar-lhes muito mais do que tiveram antes. E como se alcança isso? Pela busca da virtude e da confiança no amor de Deus. Pela virtude, desenvolve-se a vida na bondade, que agrada ao Senhor. Pela confiança em Deus, busca-se os sacramentos e recebe uma força que vem d'Ele.
Este é um bom caminho de reencontro com o Senhor. Se nos percebemos longe do Senhor, presos no pecado como uma abelha ao mel, saibamos que o Senhor quer nos retirar dessa prisão e nos limpar novamente. Esforcemo-nos por nossa parte e corramos ao encontro da graça divina, pelos sacramentos. Encontraremos, assim, uma trajetória segura de retorno ao coração de Deus.
_______________
* Concupiscência: Inclinação "natural" ao pecado, consequente do pecado original.
A
condição original do homem era de plena comunhão com Deus, a qual
foi rompida
com o pecado dos nossos primeiros pais. A consequência dele está
relatada em Gênesis 3: a terra foi amaldiçoada, o homem passou a
tirar seu sustento com o suor do rosto, a mulher teve que sofrer para
gestar. Em outras palavras, o pecado trouxe o sofrimento ao homem.
"Então
o Senhor Deus disse à serpente:
'Porque
fizeste isso, serás maldita entre todos os animais e feras dos
campos;
andarás
de rastos sobre o teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua
vida.
Porei
ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a
dela.
Esta
te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar'.
Disse
também à mulher: 'Multiplicarei os sofrimentos de teu parto;
darás
à luz com dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu
estarás sob o seu domínio'.
E
disse em seguida ao homem:
'Porque
ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto
da
árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua
causa.
Tirarás
dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida.
Ela te
produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra.
Comerás
o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que
foste tirado;
porque
és pó, e pó te hás de tornar'" (Gn 3,14-19).
Não
obstante, Deus, em seu supremo amor, quis conceder ao homem uma
condição superior àquela original. Ao enviar seu Filho amado para
regenerar o homem, concedeu-lhe mais que o retorno ao estado
anterior, mas uma condição superior e mais digna.
"A
graça inefável de Cristo deu-nos bens superiores
aos
que a inveja do demônio nos tinha tirado".
(São
Leão Magno)
"Nada
se opõe a que a natureza humana tenha sido destinada
a
um fim mais alto depois do pecado.
Efetivamente,
Deus permite que os males aconteçam para deles tirar um bem maior.
Daí a
palavra de São Paulo: 'onde abundou o pecado, superabundou a
graça' (Rm 5, 20).
Por
isso, na bênção do círio pascal canta-se:
'Ó
feliz culpa, que mereceu tal e tão grande Redentor'!"
(Santo
Tomás de Aquino)
No
entanto, a oferta de Cristo não tirou a concupiscência*, que conduz ao pecado, do homem. A condição do homem que peca é similar àquela
imediatamente posterior ao pecado de Adão,
pois também aqui o homem perde totalmente seu vínculo com Deus.
Essa separação não se dá devido à ira
divina, mas da escolha livre do homem. Este perde, aqui, todo o vínculo com Aquele.
Ainda
hoje, algumas pessoas experimentam de tal forma o pecado que perdem a
semelhança divina alcançada por ação da graça. Quando um fiel
vive uma vida santa, os que convivem com ele percebem certa
similitude com Deus. Entretanto, vemos alguns que perdem toda ela com
o pecado, sentindo-se, até, destruídos.
Cristo concede a esses seus filhos um reencontro com Ele de uma forma também similar ao homem no estado posterior ao pecado original. Ou seja, este homem pecador também tem acesso a uma condição superior à anterior. Portanto, todos aqueles que se encontram destruídos pelo pecado devem saber que o Senhor deseja puxá-los novamente para junto de si e dar-lhes muito mais do que tiveram antes. E como se alcança isso? Pela busca da virtude e da confiança no amor de Deus. Pela virtude, desenvolve-se a vida na bondade, que agrada ao Senhor. Pela confiança em Deus, busca-se os sacramentos e recebe uma força que vem d'Ele.
Este é um bom caminho de reencontro com o Senhor. Se nos percebemos longe do Senhor, presos no pecado como uma abelha ao mel, saibamos que o Senhor quer nos retirar dessa prisão e nos limpar novamente. Esforcemo-nos por nossa parte e corramos ao encontro da graça divina, pelos sacramentos. Encontraremos, assim, uma trajetória segura de retorno ao coração de Deus.
_______________
* Concupiscência: Inclinação "natural" ao pecado, consequente do pecado original.
"Como por livre vontade vos desviastes de Deus,
ResponderExcluiragora, voltando, buscai-o com zelo dez vezes maior; aquele que trouxe sofrimento para vós,
para vós trará, com a vossa salvação, eterna alegria." (Br 4,28s)
Obrigado pela contribuição. Não havia pensado nesse texto, mas ele aprofunda mais o tema.
ResponderExcluir