segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Jesus é a Palavra de Deus

Formação
Ainda à tempo, neste último dia do mês de setembro, dedicado à Bíblia (melhor seria dizer à Palavra de Deus) e dia que a Igreja celebra São Jerônimo, quis trazer uma formação sobre um termo muito usual, mas pouco consciente em sua significação. Desejando promover um maior conhecimento de Cristo, que deve ser o foco de toda a Evangelização, proponho essa temática.

O termo “Palavra de Deus” é usado comumente para múltiplos significados. Aparece para designar a Bíblia, uma mensagem divina ou um trecho das Sagradas Escrituras. Entretanto, ele tem um significado próprio que, na mesma linguagem comum, pode perder sua riqueza, pois a Palavra de Deus, em primeiro lugar, é Jesus Cristo (cf. Jo 1). Se aqueles significados expressam este, ótimo. Caso contrário, esvazia o mais profundo e belo do termo.

A expressão aparece muitas vezes assim: “a Bíblia é a Palavra de Deus”. No entanto, a melhor construção seria “a Bíblia é o Livro da Palavra de Deus”, pois é o livro que fala de Cristo e o revela para nós. Jesus Cristo não é a Bíblia, mas esta contém a Palavra, que é Ele mesmo; contém a mensagem que Ele proclama.

São Jerônimo nos ensina que a Escritura fala de Cristo e desconhecer a Escritura é desconhecer o próprio Cristo. O centro, portanto, das Sagradas Escrituas é a Plenitude dos Tempos (a Encarnação), de modo que o Antigo Testamento existe em função de Cristo e fala dele, ainda que de modo velado. Se assim o é, o autor de cada livro, necessariamente, é o próprio Deus, que se utilizou de homens, mas inspirados por Ele.


Portanto, o termo “Palavra de Deus” é mais abrangente que “Sagradas Escrituras” ou “Bíblia”. Digo mais, a Palavra de Deus não é encontrada unicamente nas Sagradas Escrituras, e aqui encontramos a diferença da postura católica e protestante, em relação às Sagradas Escrituras. Encontramos a Palavra de Deus na Sagrada Tradição, que conservou alguns ensinamentos de Cristo não testemunhados nas Escrituras. Também encontramos a Palavra de Deus na Igreja, pois a Igreja é o Corpo de Cristo (poderíamos dizer “o Corpo da Palavra”) e possui uma assistência atual de Cristo, atualizando a Palavra de Deus revelada e iluminando os problemas atuais.

A Bíblia não é a única realidade sagrada. É sagrada, deve receber toda reverência, amor e inclinação, mas também a Sagrada Tradição e a Santa Igreja são realidades sagradas que nos apresentam, em primeiro lugar, Cristo. Por este motivo, o Concílio de Trento havia promulgado em sua primeira sessão a igual reverência à Sagrada Escritura e à Sagrada Tradição.


Essa visão não nos pode fazer desprezar a Bíblia. Ao contrário, devemos ler as Sagradas Escrituras como pai de família que tira do baú coisas novas e velhas” (Mt 13,52). Busquemos com maior assiduidade o estudo e leitura da Palavra de Deus (podemos falar assim sem risco de erro). Apenas com o contato frequente com a Bíblia e plena abertura de coração podemos ter nossa vida inserida e transformada em Cristo.

Um comentário:

  1. "São Jerônimo nos ensina que a Escritura fala de Cristo e desconhecer a Escritura é desconhecer o próprio Cristo. O centro, portanto, das Sagradas é a Plenitude dos Tempos (a Encarnação), de modo que o Antigo Testamento existe em função de Cristo e fala dele, ainda que de modo velado." Muito bom! Antes dele, também o autor da Epístola aos Hebreus nos ensinou: "Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas. (Hb 1, 1s)

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